Um medo específico estava me perturbando. Me dei conta que
só iria entendê-lo se fizesse contato com ele. Comecei a estudar a sensação de
medo de uma forma geral. A observar os medos que habitam em mim, nas pessoas
que convivo e nas que me são estranhas e/ou desconhecidas. Percebi que a raiz
do meu medo e acho que de grande parte das pessoas reside na perda.
Perda da ilusão, da segurança, dos bens, da saúde, de pessoas amadas, da vida.
Principalmente medo de que a perda seja permanente. Amamos a continuidade. Tanto que está na imortalidade o grande enigma
da humanidade.
Eu estava com medo que minha perda se tornasse permanente.
Venho lutando há anos para recuperar o bem perdido, apesar de ter sofrido
perdas bem mais graves, a de seres amados.
Mas a perda em questão me tirou literalmente o chão, me
tirou da zona de conforto, da segurança, da sensação de controle. No entanto, a
temível perda me transportou para um mundo totalmente diferente, desconhecido e
tenho que admitir muito mais rico e divertido. Descobri que a perda é uma porta
que nos leva a um outro lugar, desconhecido, que nos deixa nús, rouba nossos
apegos. Ou, se teimamos em permanecer estacionados na dor que a perda provoca,
ela abre uma janela que nos faz enxergar o mundo, o outro e a nós mesmos. Temos
a tendência a rejeitar – muitas das vezes odiar - tudo e todos que nos façam enxergar
verdades. Verdades nos perturbam. Não queremos ser perturbados. Antes estar
narcotizados. Iludidos.
Vem então o apego as crenças na esperança que resolvam a dor
por nós ou nos restituam as perdas. Mas o que chamam Deus está nas crenças?
Ou está justamente no fim do medo. Posso viver sem medo? Encontrar a
manifestação Divina em sua forma mais pura? Encontrar o Deus que habita em mim?
Por Wal Ferrão
wal.ferrao@portalkids.org.br
Um comentário:
Parabéns pelo post, incrível!
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