Wal e Tercília com os premiados da noite, a Juíza Adriana e o Desembargador Caetano, recebendo o prêmio das mãos dos filhos de Patrícia Acioli, Raquel, Bete e Tercília, as premiadas |
Na noite de 7 de novembro estivemos na entrega do Prêmio Amaerj
de Direitos Humanos Patrícia Acioli. Não fomos premiados, mas o projeto Mães do
Brasil ganhou uma menção honrosa e das mãos dos três filhos da falecida
magistrada. A caçula completava 18 anos justamente neste dia. Para nossos
leitores de diversos países que possam não ter tido o privilégio de conhecer o
legado da Juíza, ela foi assassinada com 21 tiros na porta de sua casa em
Niterói, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, em 12/08/2011, por policiais
que julgava e que pertenciam ao crime organizado que combateu bravamente. Corajosa,
a magistrada levou para a prisão mais de 50 policiais ligados as milícias e
grupos de extermínio. Ao todo, 11 policiais militares, denunciados pelo
Ministério Público do Rio, foram julgados e condenados pelo crime contra ela.
Com o objetivo de homenagear sua memória e perpetuar a luta
de Patrícia pelos Direitos Humanos, a Associação dos Magistrados do Estado do
Rio de Janeiro (AMAERJ) criou o prêmio no ano seguinte a sua morte. E também
para aproximar a Justiça da sociedade que trabalha em prol da dignidade humana.
Já nos sentimos premiados pela indicação, por tudo que esse prêmio representa.
E o dedicamos a outra magistrada, Dra. Adriana Ramos de Mello, auxiliar da
Presidência do Tribunal de Justiça do RJ e Juíza Permanente do Fórum de Defesa
da Mulher. Desde que conheceu a presidente me conheceu numa CPI em 2012, Dra.
Adriana tem sido uma defensora incansável dos desaparecidos e das Mães do Brasil.
Na verdade, nosso convívio com Dra. Adriana se intensificou
em 2014. As Mães do Brasil, decepcionadas com a Justiça, resistiam à ajuda
dela. Mas, ao contrário de se ofender, Dra. Adriana olhou para as mães com um
olhar maternal, aquele olhar de compreensão que uma mãe tem para o filho ainda
imaturo para as coisas do mundo. E tratou de nos ensinar o que é a Justiça, a
valorizá-la e a lutar pela Justiça que queremos. Como Dra. Adriana Ramos de
Mello representa para nós a face dessa Justiça, dedicamos o prêmio a ela. E,
para nossa honra, ela esteve presente na cerimônia e sentou no lugar de honra
com a gente. O diretor da Escola Magistratura do Rio de Janeiro (EMERJ), Desembargador
Caetano Fonseca da Costa, também um apoiador das Mães do Brasil, compôs a mesa,
muito feliz por nós.
Wal fez questão de apresentar aos convidados que foram
prestigiar as Mães do Brasil, a verdadeira criadora do movimento, Tercília
Frederico. Em 1998, ao ser entrevistada por Wal, então repórter de uma editora
europeia, Tercília, cujo filho Josemar, de 15 anos, portador de necessidades
especiais, desapareceu da porta de sua casa, no bairro de Vila da Penha,
durante uma festa Junina, pediu à jornalista que montasse para ela um projeto
que atendesse as mães e ajudasse a localizar desaparecidos. Não descansou
enquanto Wal não aceitou a missão. Tercília, que enviuvou recentemente,
interrompeu o luto para receber o prêmio junto com Wal e avisou a ela e as Mães
do Brasil presentes a cerimônia.
“Esse foi o nosso segundo prêmio! Vamos trabalhar para
localizarmos muito mais desaparecidos, apoiar mais mães e merecer mais
prêmios!” – estimulou.
Eu e as demais Mães do Brasil presentes nos entreolhamos, já
prevendo. Ninguém segura Tercília, a mãe das Mães do Brasil.
Por Wal Ferrão
wal.ferrao@portalkids.org.br
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